É comum que, durante a adolescência, muitos pais fiquem preocupados com as mudanças de humor e comportamentos dos seus filhos. Afinal, essa é uma fase de intensas transformações.
Você tem observado o comportamento do seu filho adolescente? Tem conseguido identificar se são comportamentos adequados ou se podem estar sinalizando algum problema?
A psicoterapia pode ser uma grande aliada nesse período, ajudando o adolescente a lidar com essas mudanças, tanto no aspecto social quanto no sentimental. Um profissional qualificado pode oferecer um espaço seguro para que o jovem possa expressar suas emoções, entender seus sentimentos e desenvolver habilidades para enfrentar os desafios dessa fase.
A neurociência explica que durante a adolescência o cérebro passa por várias mudanças significativas. Fogaça e Tavares (2017) mencionam que uma das principais transformações ocorre no córtex pré-frontal, a área responsável pelo planejamento, tomada de decisões e controle de impulsos. Até que essa área esteja completamente desenvolvida, os adolescentes podem agir de forma mais impulsiva, muitas vezes sem considerar possíveis consequências.
Além disso, outros fatores podem levar um jovem a ter dificuldades emocionais ou até mesmo a desenvolver depressão. Quando alguns desafios são difíceis de enfrentar sozinho e não há apoio suficiente, o jovem pode ficar deprimido. É importante estar atento aos sinais e buscar ajuda quando necessário!
Abaixo 6 sinalizadores importantes que podem indicar que um adolescente está precisando de psicoterapia:
- Mudanças significativas no comportamento: Se o adolescente começa a agir de maneira diferente do habitual, como se tornar excessivamente agressivo, isolado, ou desinteressado em atividades que antes gostava, pode ser um sinal de que algo está errado.
Oscilações de humor intensas e frequentes, que não parecem ter uma causa, podem indicar a necessidade de intervenção profissional. Isso inclui períodos prolongados de tristeza,
irritabilidade. - Sintomas físicos inexplicáveis: Dores de cabeça, dores no estômago ou outros sintomas físicos persistentes sem causa médica aparente podem estar relacionados a questões
emocionais. - Dificuldades nos relacionamentos: Problemas constantes com amigos, familiares ou outros relacionamentos importantes, como brigas frequentes, dificuldade em manter amizades, podem ser um sinal de que o adolescente está enfrentando dificuldades emocionais ou sociais.
- Baixa autoestima ou autoimagem negativa: Comentários frequentes sobre sentir-se inútil, incapaz, ou ter uma autoimagem distorcida, como achar que está sempre acima do peso ou inadequado de alguma forma, podem ser indicativos de problemas que podem ser tratados
com psicoterapia. - Autolesão ou comportamento de risco: Qualquer forma de autolesão, como cortes, arranhões, ou comportamentos inconsequentes que envolvem riscos, podem indicar problemas emocionais subjacentes que requerem atenção profissional.
- Pensamentos ou ameaças de suicídio: Se um adolescente expressa pensamentos suicidas, fala sobre se machucar ou menciona que não vê sentido na vida, isso é uma emergência e requer intervenção imediata.
Pais, não distanciem de seus filhos adolescentes, você tem um papel crucial nesse processo de desenvolvimento!
Além da importância de buscar ajuda profissional adequada, é muito importante ter uma comunicação aberta com seu filho de forma que o adolescente se sinta ouvido e compreendido.
Aí vão alguns pontos importantes de se considerar para que os pais estejam mais próximos de seus filhos:
• Estabelecer comunicação aberta e apoio emocional: Criar um ambiente onde os adolescentes se sintam confortáveis para expressar seus pensamentos e sentimentos sem medo de serem julgados é essencial. Os pais devem demonstrar interesse genuíno em ouvir e entender as preocupações de seus filhos.
• Participar ativamente da vida dos adolescentes: O envolvimento dos pais nas atividades e interesses dos adolescentes pode fortalecer os laços familiares e construir confiança. Participar de atividades do dia a dia juntos, ou simplesmente ter conversas informais, pode ajudar a fortalecer o vínculo emocional.
• Incentivar a autonomia responsável: Encorajar os adolescentes a tomar decisões e assumir responsabilidades de acordo com sua maturidade, oferecendo suporte e orientação quando necessário.
• Ser um modelo de comportamento saudável: Os pais devem ser exemplos positivos para os adolescentes, demonstrando habilidades de comunicação eficazes, resolução de conflitos e manejo do estresse. Lembre-se, você pode ser a maior inspiração de seu filho!
• Expresse o quanto ele é importante e amado: A autoestima é um processo de construção, e você tem um papel importante para reforçar este processo positivamente, começando em casa!
Outro ponto importante é estabelecer limites claros e consistentes, porém, sempre de maneira respeitosa, explicando os “porquês”, para que seu filho compreenda os motivos reais dos limites, seu cuidado e amor por ele. Isso proporciona um senso de segurança e orientação, essencial para o desenvolvimento de responsabilidades.
Por fim, lembre-se de que cada pessoa é única. Se necessário, não demore em buscar a ajuda de um profissional. Ele pode oferecer as ferramentas necessárias para que seu filho lide melhor com essa fase de desenvolvimento e autoconhecimento, construindo uma transição mais suave para a vida adulta.
Texto escrito por Jananda Germinari CRP 08/24255.
Psicóloga Clínica Especialista em Análise do Comportamento.
Referências:
Fogaça, Q., & Tavares, M. C. H. (2017). Adolescência e neurociências: Contribuições para a prática profissional. São Paulo: Editora Atheneu.
BERK, Laura E. Psicologia do Desenvolvimento: Infância e Adolescência. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.